
Por Rogério Signorini*
O Pix transformou o mercado de transações e conquistou uma grande parcela de brasileiros mais abertos a tecnologia. Não é à toa que, com pouco mais de um ano do seu lançamento, já se destaca entre os meios de pagamento preferidos de quase um quarto da população, de acordo com a pesquisa “Experiência Brasileira com Serviços Financeiros”, realizada pela Fiserv. O sucesso da modalidade é incontestável e confirma que o Pix mudou de vez a forma como o brasileiro faz pagamentos. O sistema já é usado por 71% da população, que registrou 380 milhões de chaves, segundo o Banco Central (BC). Recentemente, a entidade também divulgou um recorde de 52,4 milhões de operações em um único dia.
O pagamento instantâneo é uma tendência no Brasil e uma realidade em mais de 50 países pelo mundo que, atualmente, também possuem um sistema de transferências imediatas para o cliente final. Apenas como curiosidade, quando o Pix foi lançado no Brasil, em novembro de 2020, a Índia era um dos países que liderava o ranking de maiores números de transações instantâneas. Foram mais de 40 milhões de transações em tempo real por dia após o país ter passado por um processo de inclusão de milhares de indianos sem conta em banco e contar com dois sistemas de pagamento em tempo real: o IMPS (como o TED brasileiro) e o UPI (Interface Unificada de Pagamentos).
Há um ano, a China se destacava pelo duopólio dos aplicativos WeChat e AliPay – alguns estudos dizem que a soma de Alibaba com Tencent chegou a atingir 90% do mercado; mas quando lançamos o Pix eles não tinham batido 40 milhões de transação em tempo real por dia.
No Brasil, o Pix também chegou para mudar o comportamento dos consumidores. Antes, pensar que poderiam diminuir o uso dos meios de pagamento físicos, como cartão de crédito e débito, para utilizar um meio digital, estava longe de ser realidade. Mas, com a pandemia, pelo isolamento social, o processo da digitalização foi acelerado. Embora as transações com Pix venham crescendo em ritmo alto, ao redor de 30% ao mês, o sistema de pagamentos e transferências de valores tende a se expandir ainda mais. Perspectiva que fica clara quando olhamos para o total das operações realizadas de pessoas para empresas: apenas 17%.
Pix Saque, Pix Troco e Pix Cobrança já estão disponíveis e estamos todos ansiosos pelas próximas novidades do Banco Central, como Pix internacional ou offline que também prometem acelerar este avanço e contribuir para o potencial democrático do meio de pagamento instantâneo que ganhou o Brasil. Entretanto, as perguntas que virão após o sucesso da adesão do Pix são – Como você, gestor de e-commerce, está pensando em trazer a experiência do pagamento instantâneo para a sua plataforma? Qual é o apoio de soluções tecnológicas para oferecer mais essa facilidade para o seu cliente?
Pensar nas conexões, facilidade de integração por APIs na adoção do Pix entre os diversificados meios de pagamento é importante. Mas outros aspectos do ponto de vista e de negócios também devem ser considerados. Quando olho para dentro, destaco a escolha de um parceiro agnóstico que ofereça a flexibilidade de trabalhar com diferentes adquirentes, permitindo que a escolha seja do varejista apoiado pelo integrador, quando houver esse importante intermediador que agrega valor na construção do modelo de negócio. Trocar, alterar, ter um adquirente de “plano B” para mudar a rota com agilidade caso seja necessário.
E, externamente, pensar na experiência do cliente e na sua jornada. Refletir sobre os desafios de promover um checkout mais fluído, integrado e que o Pix passe a ser um meio integrado ao e-commerce com inicializador de pagamentos. Que um simples push no app de um mobile banking possa ser o aceite para autorizar uma compra segura.
Pelo fim do põe no carrinho, abre o app do bank, lê o código de barras do Pix, digita a senha do banco, reconhece a transação com uma senha ou o polegar, recebe um SMS, recebe um e-mail comprovando a compra e recebe o produto em casa. Queremos o produto no carrinho, compra concluída, mas sem fazer o consumidor suar!
*Rogério Signorini é diretor de Produtos e-commerce da Fiserv para América Latina
Artigo publicado originalmente no E-commerce Brasil.